Existem coisas que só o rock'n'roll pode fazer por você. Se não, como explicar que alguém pode se sentir a pessoa mais feliz do mundo depois de viajar seis horas em uma van; ficar duas horas fora do estádio, zanzando de um lado para o outro; e, por fim, esperar mais três horas e meia, a maior parte do tempo em pé, para ver duas horas de show? Isso tudo, apenas com um almoço leve e umas bolachinhas no estômago?
A explicação é uma só: quando Angus Young, Brian Johnson, Malcom Young, Cliff Williams e Phil Rudd, ou simplesmente o AC/DC, soltam os demônios no palco, a possessão é geral.
Quem assistiu o show da banda australiana na última sexta-feira, no Morumbi, sabe que foi testemunha de um desses momentos mágicos que o tal de rock'n'roll proporciona. Foram 125 minutos de pauleira pura, puríssima, aliás.
Da abertura (um vídeo alucinado que mostra um desenho animado com os integrantes da banda dentro de um trem desgovernado) até o encerramento, com a bombástica For Those About To Rock e direito a disparos de canhões, não há trégua, apenas alguns segundos entre uma música e outra para a própria banda respirar.
Angus é um guitarrista excepcional. Seu instrumento é uma extensão de seu corpo. Brian já não tem mais "aquela" voz, mas ainda é um mestre de cerimônias que fala a linguagem do rock como poucos. A cozinha com Phil na batera, Malcom na guitarra base e Cliff no baixo é perfeita. O ritmo não sai dos trilhos.
Ah, sim, tinha uma locomotiva de oito toneladas no palco, a gigantesca Rosie, o monumental sino para Hell's Bells e a energia de quase 70 mil fanáticos alucinados. Mas eram detalhes... I love rock!